Vitória


Ás vezes gostava de ficar imortalizada no tempo, gostava que me imortalizassem, num quadro, num desenho, num esboço, numa escultura, até mesmo numa pintura rupestre. Temos sempre coisas para ensinar aos outros e somos espécies em vias de extinsão.
Que chatice!
Queria permanecer aqui, como os quadros que adoro, como as obras arquitectónicas que me enchem o espirito, queria ganhar as formas geladas dos objectos escultóricos, queria tão simplesmente “iluminar” um livro, num desenho meu a relevo, para que até os cegos me pudessem ver, ou resumir-me a um objecto de joalharia.
Às vezes necessitamos mesmo de ser “objectos”, de deixar de sentir, de ficar meio mortos e deixar apenas que nos olhem e nos comtemplem, nos amem, como eu amo tantas artes, tantos artistas, tantas pessoas que na minha vida se imortalizaram atráves de objectos. Poderia com tudo isto criar um Museu! Ao mesmo tempo que queria ser a obra principal de um qualquer artista, queria tanto que me pintasses naquela tela, que me tornasses grandiosa e intocável criando um espaço em minha honra, como se fazia às igrejas e aos templos, queria que me desses formas através do bronze. Queria fazer parte de todas as vidas que se seguem à minha e ser sempre a peça de arte de alguém, aquela que se comtempla, aquela por quem se suspira.

2 comentários:

Gui disse...

A imagem faz alusão a uma escultura grega, de seu nome "Vitória de Samotrácia." Encontra-se actualmente no museu do Louvre. E é um dos melhores exemplares chegados até nós, do período clássico.

magnolia disse...

Vi um filme chamado Taxidermia. Na parte final, o taxidermista perpétuou o seu corpo numa estátua real... fez dele próprio a "obra de arte"! Sem cabeça e sem braços... como nesta mesma escultura.