Palavra Decrescente...


O tempo é a única palavra que sempre será actual eu sei...
Descreve-me como ninguém….
O que sou e o que desejo ser…
O que sou responsabiliza-me do quanto de vida tenho dele…
O ontem é vivido em memória,
o presente para mim como futuro,
sei que para outros,
o futuro pensado no presente é aguardado no futuro…
Por vezes é frio injusto e inquieto até com ele próprio,
por outras justo,
fiel e verdadeiro comigo…
Sei que questioná-lo é uma simples perca de tempo mas,
por vezes obrigo-me a fazê-lo…
Sei que amá-lo é valorizar a vida e saborear cada segundo como se do ultimo se tratasse…
Tempo palavra injusta para uns que o odeiam,
eu venero-o!!!
É tempo de eu viver sem questionar mas,
viver!!
É tempo de eu sorrir sem que me obriguem a fazê-lo…
Para quê fazer sofrer quem nos ama?
Para quê amar quem nos faz sofrer??

Ao tempo, que tudo leva...

Queria que o tempo parasse agora…imortaliza-se este momento, para sempre…deixa-se assim esta imagem…tu, aqui comigo, deitado ao meu lado, a afagares-me ao de leve o cabelo, sem pressa, a luz a entrar pela janela devagar, eu a olhar-te e a imaginar o que pensas….esta fotografia que tiro agora, vai ser diferente daqui a 1 segundo, daqui a 2 minutos, ou daqui a anos…por isso, conta o agora, o já, o vivido neste momento…precisamente este toque, este olhar, esta luz, esta janela… porque a seguir, o tempo vai levar tudo isto, vai vir outras luzes, outros toques outras janelas…eu vou ser diferente, tu vais ser diferente…eu vou estar noutro sitio, tu vais estar longe, e depois? Nunca mais vamos ser os mesmos, nunca mais vamos dividir o mesmo olhar….por isso, agarra isto tudo agora, sente muito, leva-me na mente, no corpo, na cabeça, no coração…fotografa esta imagem, e coloca no filme da tua vida, para sempre…

Enganos do Tempo

Finalmente beijei-te, ao fim de tanto tempo…Enquanto nos beijávamos, nada mais parecia acontecer, as pessoas deixaram de morrer, as guerras tinham acabado, todos os maus sentimentos tinham simplesmente desaparecido...tudo isto porque estávamos juntos, porque te tinha ali comigo..nada mais sentia, só os teus lábios, a tua energia, o teu toque, éramos dois sendo apenas um... Enquanto nos beijávamos o tempo não passou, fingiu parar e tentou fazer-nos acreditar nisso. Nós, como duas crianças que nada sabem, deixámo-nos ir....tu estavas ali, e ali estava tudo, tudo em ti...tu eras tudo...
O tempo queria enganar-nos, pois fazia-nos acreditar que naquele momento ele nao iria passar, não iria fugir de nós...A sensação era demasiado boa, e quando parei de te beijar olhei-te nos olhos e vi vida, vi a minha vida em algo muito mais que material...estávamos no centro do Universo, e éramos nós quem o comandava, através de algo invisivel mas bastante perceptivel...
O tempo enganou-nos, não parou e nem sequer abrandou...simetria igual ocorreu no meu coração...não aguentava mais o esforço de um objecto estranho dentro de mim. Entre o momento do tiro e o último beijo pareceu que o tempo tinha parado, apenas para nós....parou agora, apenas para mim...
Sê feliz.

O Tempo Que Nos Torna Fracos


O tempo tem destas coisas... deita-nos abaixo, leva-nos aos pícaros da felicidade, deixa-nos mais fortes, mas são tantas as vezes que nos torna mais fracos. Pela sua complacência, pelo "deixar andar", pelo medo de ir ao encontro da felicidade.

O tempo varia de pessoa para pessoa, geralmente dão-se cabeçadas na parede até já não sentirmos a dor, mas depois faz-se por encontrar a Felicidade, algo que nos complete. Mas há pessoas que levam o tempo de forma menos séria... "Agora está-se bem, não vou arriscar o que tenho", pensamos muitos de nós. Valerá assim tanto a pena negar a procura por algo melhor, quando não nos sentimos completos? Eu pensava que o ser humano buscava incessantemente a sua felicidade, o seu bem estar, mas afinal o tempo não permite isso a certas pessoas e torna-os fracos, demasiado complacentes e nada lutadores... porque o que têm não os deixa felizes, mas também não os deixa tristes e por isso, PARAM no tempo. Quem sabe à espera de quem tome uma decisão por eles, porque eles não têm coragem para a tomar. Quem sabe à espera da Felicidade... que não bate à porta, porque gosta de ser perseguida. Tal como o tempo, que nunca pára.

A menina do tempo


Numa bela manhã acorda a pequena menina, que após realizar os seus haveres segue, num acto de procurar entretêm, para a rua, vislumbrando pássaros e flores, cheirando os odores que exalam das rosas, das orquídeas, dos gelados que na rua são vendidos, dos perfumes das senhoras de classe.
Atenta a tudo o que a rodeia, a pequena menina chega a um parque. E algo chama-lhe a atenção. Algo pequeno, luzidio, salta-lhe à vista.
A pequena menina pega no objecto e examina-o cuidadosamente com toda aquela avidez de criança, tentando decifrar todos os significados ocultos que aquele pequeno objecto estranho encerra.
A pequena menina lembra-se de ver muitos objectos daqueles nos pulsos dos "Grandes". Mas os "Grandes" nunca lhe explicaram para que ele servia.
E assim perde a pequena menina tempo a olhar para o pequeno objecto desconhecido, olhando para os seus números, para os seus ponteiros, que tão vagarosamente se movem.
Passam-se minutos, horas, e a pequena menina não larga os olhos dos ponteiros e dos números. Não iria sair dali sem saber o significado de tal objecto. Reparou que o ponteiro menor, o que andava menos que todos os outros, havia já percorrido dois dos números existentes na parte achatada do relógio. Que quereria isso indicar?
Ela reconhecia os números 1, 2 e 3 que se encontravam cravados no relógio, embora mais que isso não fosse reconhecível. Que números seriam os outros que ali se encontravam? Que significariam? Porque precisariam os "Grandes" de tais objectos?
Tantas e tantas questões percorriam a mente da pequena menina, ávida de conhecimento, no entanto sem qualquer resposta.
Novamente horas se passam, horas que poderiam ser aproveitadas para brincar, correr, pular, e que são assim gastas a olhar para um objecto que nada lhe diz.
Ao entardecer, a mãe da menina vai buscá-la ao parque, onde ela passou toda a tarde a olhar para o relógio e a tentar compreende-lo. Dando-se por vencida diz: "Que coisa mais estranha esta, que todos os "Grandes" usam e que eu não consigo entender. Perdi a minha tarde aqui a olhar para isto. Foi uma perda de tempo. Sim, é para isso que este pequeno objecto serve. Para perder tempo."

A ideia que a menina obteve da sua tarde com um relógio é mais acertada que a de qualquer pessoa. Ora pois, pensando bem, quanto tempo perdemos nós a olhar para um relógio, a ver as horas, quer nas aulas, quer no trabalho, quer simplesmente na rua ou em casa?
O tempo passa, como tudo passa, e não importa olhar para o relógio, porque não é ao olhar para ele que as respostas vêm, mas sim pelas acções e pela vivência.
A menina perdeu uma tarde, mas e quem perde uma vida à espera que o tempo dê sinal de ter acabado?

Ao Tempo



Enquanto olho as folhas sublinhadas do meu caderno de notas, penso no teu verdadeiro significado. E do tempo que tive para mudar a minha vida, o tempo que tive para dizer áqueles que mais amo, palavras de apresso. Penso no tempo que se evapora e que não se esgota. Penso no tempo que passa e que nos envelhece, todos os dias. Se não existisses, não teria aprendido tanto, não teria amado tanto e não teria errado tanto. Mas da mesma maneira que me tiras vida, dás-me ensinamentos. Tanta coisa que me ensinaste, em diferentes formas e em diferentes cores. Ensinaste-me a sorrir todos os dias para quem me merece, ensinaste-me a dar as mãos aos que mais de mim precisam, ensinaste-me a crescer, ensinaste-me a gostar de mim e a dar de mim aos outros, ensinaste-me o significado de uma carta de amor, ensinaste-me o prazer de ler um livro e de sentir uma lágrima escorrer-me pela cara, ensinaste-me a amar e a viver. E todos os dias sonho contigo, sonho com o Tempo, sonho que me podes dar sempre aquilo que mais anseio mas que me podes tirar aquilo que mais amo. Sonho com os teus poderes mágicos e ás vezes tenho medo de ti… E pertences-me, fazes parte de mim e daquilo que sou, aqui e agora.

Sem terra nem Tempo...





Sopra um vento antigo!
Formam-se garras negras,
que lentamente deitam lágrimas…
Um lento crescente até a agonia!
Extremoso e cruel ruído,
acompanhado por um espectáculo Dantesco,
onde forças Infinitas descargam…

Objectos usados por sentidos…
Vagueamos saborosamente!
Não existe nada…
Nós apenas…
Um único ser Narcisista!!!
Exploramos o empredado cheio de historia,
onde encantamentos falam…
Roupas absorvem choros,
que escorrem violentamente…
Estamos abstraídos…
Somos intocáveis…
É este o nosso escudo…

Paralisamos o tempo…
Condensamos memorias,
apagamos amarguras,
pintamos relógios de pó…
Somos ventríloquos com alma!!!
Não temos certezas…nem duvidas…
Somos nós…
Que misto de alegria e tristeza…
Somos nós…!!!