Loucura...

Algo que nos mata...
Que nos dá vida...
Descompressão total,
Impropriamente saudável...
O bom de ser diferente...
O mau de não ser igual a ninguém...
Relatos internos confusos...
Preocupações sem consciência...
Julgamentos solitários...
Ódios e tentativas...
O não saber o que se é!!!
Onde se está e o que se quer...
O ir...
O ficar...
O ficar...
O ir...
O ser sofrido!!!
Culpas que ninguém sabe...
Telhados suspensos em cima de nada,
Aparados por um fio de uma navalha afiada
Com nódoas de sangue velho...
ressequido...
Que escorrem vagarosamente
Para um chão sujo e belo de uma sala...
Onde pessoas a fazer o pino,
Cantam uma melodia desconhecida,
Que nos faz dançar aquela valsa...
Aquele ritual repetitivo de sempre!!!
E enquanto nos movimentamos ao sabor,
Daquelas notas musicais coloridas...
Lembramo-nos do contrário...
Do estar quieto...parado...
Vem-nos a memoria o início de um Fim...
Uma cidade deserta...
Um grito...
Um eco...
O não conseguir respirar...
O olhar em volta...
O estar só...sempre!!!
È a cruz do ser diferente...
Tão bom...tão mau...
tão...
Diferente.

Eterno...

O meu olhar no teu enraizava-se num “Tuffe” que chamava…Dias antes, o meu nome entoava inúmeras vezes no ar...
Dias depois, desiludiste ao não te autenticares enquanto "destilava-mos", trocando e trocando-me, rias, como se algo ali existisse para rir, volto costas, e juro nunca mais ter, algo que não suportava deixar de ver…Um dia não são dias, e o outro parecia diferente, de vermelho não sentias mas todos os dias consentias…Olhares cruzados pareciam mentir a vontade de encurtar o meu espaço do teu, quando o contrario era o correcto sem saber…Deixei-me levar pelas palavras inexistentes, enquanto a vida quase sempre me fez sentir especial, e como de especial tudo tens, tudo estava disposto a dar sem pensar...Em dia de partida com volta, beijas-me e tudo ai se multiplicou num sentimento que perdura, dura, e teima sem teima de me abreviar sensações, desejando-te desde o primeiro dia em que o teu olhar fez parte do meu…
Olhar esperança em ti
Olhar avelã no teu
Tudo em ti vejo…
Tudo em mim sinto, tudo quero, tudo tenho e tudo te dou, não acho sentir mais que alguém, mas sou eu que sinto, e como não sinto apenas o que escrevo, amo…

Vida em peças...



És a peça que tanta falta me faz!


A tristeza pareceu querer matar-me aos poucos, a revolta borbulhou-me nas veias enquanto, a raiva me serrou os punhos.

A amargura essa? correu-me na raiva…


É duro lacrimejar assim, sem uma única resposta a tantas perguntas embebidas em sal…
Farto de questionar a vida pela partida, a revolta vai descontinuando aos poucos soando cada vez mais baixo.

A saudade essa? vinca cada vez mais a dor


Obrigado por teres cruzado a tua curta vida na minha amigo até sempre.

Coisas Eternas

Nada é eterno.
Nada fica perpétuo...
Cada instante se renova e se transforma,
Nesta loucura que é viver...
Onde vão estar estas letras?
Quanto tempo durarão?
Cada compasso,
Descompassa.
O "que" dura um minuto afinal?
Dura uma loucura?
Ou uma loucura dura um minuto?
Sem cor e sem cheiro de mar,
tudo é uma loucura.
E quanto dura?
Um compasso
Um instante
Uma cor
Um minuto,
descompasso.
A loucura.

A Loucura tem nome



Loucos serão todos aqueles que não te viram como eu, que não te sentiram da mesma forma que eu, que não te olharam da mesma forma que te olhei…

Loucos serão aqueles que por ti passaram e que te não viram. Loucos serão todos os que te deram as mãos e te deixaram cair… no abismo… no teu abismo.

Loucos serão todos aqueles que não te amaram, que não te entraram alma adentro quando te deste a todos eles. Quando sorriste, quando contaste, quando amaste…. Quando simplesmente te entregaste…

E ninguém viu… nunca ninguém quis ver… nunca ninguém te entranhou, nunca ninguém te agarrou, nunca ninguém terá sentido a tua falta… como eu senti de ti…

Loucos serão aqueles que por ti não souberem esperar, que não te souberam dar um abraço profundo. Loucos serão todos aqueles que não viram o que de melhor existia em ti.

E aqui, enquanto escrevo estas linhas, recordo-te a meu lado… embalo a folha que escrevo, choro enquanto a tua imagem me surge… sinto saudades, saudades daquilo que fomos, daquilo que formámos, daquilo que anunciámos ao mundo…

Sinto-me louca, em todas as formas de o ser, sinto-te meu… tão meu que não consegues ver, tão meu porque és meu… porque te sei ver de todas as maneiras que nunca te quiseste mostrar… tão louca para te dizer que foste a única pessoa que me fez sentir a mundo abanar, a única pessoa que me fez voar nos meus sonhos, a única pessoa que me fez acreditar na loucura de amar alguém… intemporalemente e tão loucamente como este amor que é meu e que te dedico todos os dias, mesmo que não vejas… mesmo que os dias passem a correr o os anos nos envelhecam, tão loucamente como a pessoa que me fizeste sentir durante todo este tempo e espero que para sempre.

Outra forma de arte

A grande maioria tende a esquecer-se (de forma muito inconsciente) que a arte não é apenas escrita, estátuas, monumentos ou pinturas. A imagem em movimento também o é... desde os seus primórdios. Desde o primeiro filme de ficção científica, em 1902 - o cinema tinha apenas uns 6 aninhos! e já fazia isto que vão ver -, até coisas igualmente maravilhosas que vemos hoje.

Por isso, a minha contribuição é a arte que mais aprecio: CINEMA (com a música como acompanhante).

Voyage dans La Lune (Viagem à Lua de George Méliès)



God Is a DJ! (da Double Edge Films)

O Salvador de Dalí



O Salvador de Dalí

[1972-Figueras-Espanha]

Abriu os olhos, não se devia ter deixado dormir, estava já meio torto no seu banco de madeira. Apressou-se a endireitar a sua cabeça similar a um ovo, e a limpar a ligeira baba que já escorria pela sua boca em forma coraçao. Buñu era um rapaz igual a todos os outros, talvez mais pobre, mais gordo, mas mais culto que a maioria dos jovens que vivia em Figueras, pequena cidade da província de Gerona. A ele tinha sido incubida uma tarefa muito importante, vigiar a mítica casa de Salvador Dalí em Figueras, enquanto ele viajava pelo mundo, a difundir a sua arte única. Dalí confiava em pouca gente, mas Buñu, rapaz pobre da pequena vila de Figueras, era como um filho para o grande génio da arte, mesmo que não o tratasse como tal. Porém, tinha sido noticiado por toda a cidade que Dalí havia desaparecido há dois meses, e ninguém sabia dele! Muitos haviam já tentado convencer Buñu a deixar a velha e poeirenta casa, mas o jovem rapaz não conseguia trair o seu velho ‘mestre’. Os pais de Buñu nem esperavam por ele para comer, eram oito pessoas nessa casa e quantos menos melhor...O rapaz não queria saber disso para nada, entretia-se a passear pela pequena casa todos os dias, como se os estreitos corredores escondessem uma nova surpresa a cada momento.
Semanas depois, noticias de mais artistas desaparecidos enchiam os jornais, algo de estranho se passava...
Certo dia, já Buñu se encontrava quase a cerrar os olhos, um vulto passou-lhe à frente da vista, ao fundo do corredor. Meio agitado levantou-se da cadeira e foi a correr atrás dele, tropeçando nos atacadores e esbarrando com a cara no chão. Levantou-se e virou à esquerda no corredor, na direcção em que tinha ido o vulto. Sabia que aquela parte do corredor acabava numa parede, sem absolutamente nada. Quando lá chegou até se babou, em vez de uma parede simples, um grande quadro ocupava toda a parede, contudo era um quadro bastante estranho, não tinha sido pintado por Dalí, pelo menos não estava assinado, nem tinha qualquer característica do pintor. Era de uma simplicidade encantadora, uma pequena estação de comboios no meio de um deserto, nada mais, mas pintado com poucos pormenores. Buñu aproximou-se e tocou no quadro, sentindo algo idêntico a um choque, mas suave. Apressou-se a fechar os olhos, e quando os abriu, já nem havia baba para escorrer pela sua boca em forma de coração. Estava na mesma estação do quadro, sem fazer a miníma ideia de como havia lá chegado! Tinha um banco atrás dele, usou-o para se sentar, ainda algo chocado com a situação. Reparou que chegava um comboio, mas um comboio muito estranho visto que mais parecia uma casa rolante. O comboio parou e Buñu pôde ver o seu reflexo no espelho do comboio, lá dentro parecia não haver ninguém. Quando o comboio partiu, Buñu reparou em algo inacreditavel, o seu reflexo continuava com o comboio! Mas que loucura seria esta? Onde é que ele estava? Levantou-se rapidamente e dirigiu-se a alguém que pudesse estar dentro da estação, que parecia estar no meio de um deserto. Ao entrar reparou num homem vestido de azul que se encontrava deitado no chão, de olhos abertos e a murmar algo...
- Desculpe, pode dizer-me onde estou? – perguntou o jovem rapaz com voz de cana rachada.
-Estás na terra de todos....de todos os artistas filho! Estamos todos presos aqui! Pelo menos enquanto o bigodeiro não acabar o seu quadro, hahahah – respondeu o estranho homem, e dito isto levantou-se e saiu aos pulos em direcção ao deserto.
Buñu deu um estalo a si próprio, para a eventualidade de estar a sonhar, mas não estava e tinha doído. Sentindo-se algo perdido, decidiu olhar em volta em busca de algo. Reparou numas escadas que saíam pelo tecto. Começou a subi-las e a subi-las e a subi-las, e quando deu por si estava no exterior, a uma grande altura. Lá em baixo conseguia ver a estação dos comboios, e em cima nada! Buñu estava apavorado, mas não ia desistir, o seu mestre podia estar preso neste mundo, ele tinha que o salvar!
Vinte minutos depois de muita subida, conseguiu avistar uma casa lá em cima, apressou-se a subir as escadas. Chegando ao local, Buñu reparou numa tela que se encontrava nessa casa. Na tela encontrava-se Dalí, com uma cara completamente apavaroda, no que parecia ser um buraco negro. Ao lado da tela estava um pincel, como que a convidar Buñu a acaba-lo. O jovem, gordo e com um ar idiota, pegou no pincel, e lembrando-se de algumas técnicas usadas pelo seu mestre, desenhou uma estranha figura, que parecia um cavalo com cara de lua e casas nas suas costas. Subitamente, ocorreu uma explosão e Dalí saltou para fora do quadro!
- Giorgino!!! Meu rapaz! Foste o meu salvador! Fiquei preso num dos meus quadros, não me devia ter desenhado a mim próprio....era necessário um pormenor meu no quadro, para que pudesse sair! Tu salvaste-me! – disse Dalí a Buñu (Dalí trocava sempre o nome das pessoas).
Antes que o pesado rapaz perguntasse como iriam sair daquele sitio, Dalí retirou o que pareciam ser dois ovos gigantes de um dos bolsos do casaco e deu um a Buñu.
- Bate com o ovo na cabeça e diz, “Eu tenho a cabeça do tamanho de um ovo deste tamanho”(separando as mãos como se estivesse a medir algo grande entre elas). – disse Dalí.
Buñu assim o fez, algo aparvalhado e com algum receio. Porém, quando abriu os olhos, o rapaz estava em casa de Dalí, e o seu mestre encontrava-se mesmo ao seu lado, penteando o bigode com o que parecia ser uma dentadura humana.
No dia seguinte podia ler-se em todos os jornais: “Pequeno rapaz da aldeia de Figueras salva Salvador Dalí – Buñu, o Salvador de Dalí”.
O rapaz estava feliz, sentia-se muito corajoso por ter feito tal proesa. Entretanto, Dalí partira para a Índia, em busca de inspiração para um novo trabalho. Buñu apenas receava que ele se metesse noutro sarilho...

João Fernandes

PS: Peço desculpa pelo tamanho.

Arte de Am(arte)

Gosto da maneira com te expressas,

Como calas suavemente a minha voz.

Agora compreendo

Poetas,

Pintores,

Músicos,

Escritores,

Por terem amores irreais

E platónicos.

Que se alimentam desses sentimentos

Como se de agua se tratasse

Sede de amar o impossível

Fazer disso o alimento da alma

Fugir do concretizável

Correr do idealizável

Procurar o impossível

Porque dá chama

Dá mobilidade de pensamento

O cérebro não se cala

E surge a criação

Inspirada num ser

Ou em vários

Ou simplesmente na Natureza

Que é o local onde pertences

Onde queres estar

Onde te vejo

Parte integrante

Harmoniosa

Posso ficar aqui contigo

Nesta frase

Nesta ideia?

Posso viver contigo neste verso?

Mesmo que na realidade nada se concretize?

Deixa-me inspirar no teu ser

Mesmo que só saia prosa, poesia,

Para mim já és uma forma de arte

É a minha maneira de mostrar

Ao mundo

Mesmo que seja só ao meu mundo

O quanto gosto de ti!

Dom...


Arte de pintar o sentimento...
…do fazer original
…do sentimento escrito
Arte do estar…
…do permanecer
…do ficar
…do estar sem estar
…do permanecer sem ficar
Arte da vida…
…do viver a vida
…do ir sendo vivido
…do viver sem o ser
…do morrer sem morrer
…do viver partindo
Arte de exultar o amargo…
…de rir sem vontade
…de ter vontade e não rir
…de alegrar chorando
…de partir desejando
Arte de subtrair…
…de somar dividindo
…de sentir partidas sem volta
…de guardar o seu espaço com misto de dor e alegria...

Arte é viver aguardando pelo tempo que se esgotou!

Arte.

Alguns borrões de tinta,
Repartidos por uma folha.
Tudo bem misturado com sentimentos
Entrelaçados em imaginação.

Além da folha e do papel,
Rochas podem ser usadas,
Tendo escritos e gravuras,
Esculpidas em toda a sua face.

Agora arte arte,
Reconheçamos nós,
Tudo o que é mais bem apreciado,
É a arte de bem escrever.

Certo dia passeava numa colina perto do mar...estava o fim da tarde exposto aos meus olhos. Aquele laranja amarelado do ceu, fazia-me murmurar rimas, palavras, versos...meus, de outros.Alguém tinha escrito versos em toda a parte...palavras repetidas ao expoente da loucura... Aquele som, aquela brisa quente e húmida, aquele sol grande que abraça o mundo inteiro. Aquele dia de Outono, aquele calor a tocar na pele, a agua fria nos pés, o extenso areal a perder de vista, as gaivotas...ao fundo o horizonte batia no céu, fazia uma linha tenue com o mar. Gastava-me o olhar, pesava na alma, mas dava paz, serenidade, vida. Picasso poderia ter pintado o melhor quadro da sua vida ali, Einstein poderia formular uma lei de energias. Eu olhei e escrevi...

Este excerto é dedicado e escrito para o mar mais lindo que já vi... é uma homenagem a todos os que partilharam comigo o nascer do dia em Porto Côvo, o pôr-do-sol, a Ilha do Pessegueiro, e que só de olhar, imaginavam pinturas, fotografias, histórias...
È tambem para quem está á espera do resto da historia...para quem me dá inspiração todos os dias, para quem vê na escrita uma bela forma de arte...

Vitória


Ás vezes gostava de ficar imortalizada no tempo, gostava que me imortalizassem, num quadro, num desenho, num esboço, numa escultura, até mesmo numa pintura rupestre. Temos sempre coisas para ensinar aos outros e somos espécies em vias de extinsão.
Que chatice!
Queria permanecer aqui, como os quadros que adoro, como as obras arquitectónicas que me enchem o espirito, queria ganhar as formas geladas dos objectos escultóricos, queria tão simplesmente “iluminar” um livro, num desenho meu a relevo, para que até os cegos me pudessem ver, ou resumir-me a um objecto de joalharia.
Às vezes necessitamos mesmo de ser “objectos”, de deixar de sentir, de ficar meio mortos e deixar apenas que nos olhem e nos comtemplem, nos amem, como eu amo tantas artes, tantos artistas, tantas pessoas que na minha vida se imortalizaram atráves de objectos. Poderia com tudo isto criar um Museu! Ao mesmo tempo que queria ser a obra principal de um qualquer artista, queria tanto que me pintasses naquela tela, que me tornasses grandiosa e intocável criando um espaço em minha honra, como se fazia às igrejas e aos templos, queria que me desses formas através do bronze. Queria fazer parte de todas as vidas que se seguem à minha e ser sempre a peça de arte de alguém, aquela que se comtempla, aquela por quem se suspira.

Espelho...


Um circulo quadrado…
Um conjunto de Almas, processos e Formas,
Cheias de astúcia pura…
Figuras de um modelo…
Uma Imagem!!!
Feitios Palpáveis…
Um Real que não existe…
Prácticas efectivas de sagacidade e engano…
Habilidades que professam o Mal…
Correspondências oficiais de manhas!!!
Formas de ser… Estar…
Capacidades de lá chegar…
Aptidões Formosas de um todo…
Tem Beleza…
É gentil…nobre…
Actos para atingir Perfeição…
Maneiras…Disposições…
Tocam ao de leve no Belo,
ao de leve para não estragar…
É este o desejo contíguo…
É este o retrato, a Pintura, o Quadro…
É a Poesia, a Escultura, o Canto…
Paredes a perder de vista…
Livros com um infinito de Letras…
Estatuas do tamanho do Universo…
Notas musicais de cortar Fôlegos…
É este o círculo exposto na tela,
pincelado em tons de Azul Negro…
É isto a Arte…
É o que Nós somos…
Sempre!

Palavra Decrescente...


O tempo é a única palavra que sempre será actual eu sei...
Descreve-me como ninguém….
O que sou e o que desejo ser…
O que sou responsabiliza-me do quanto de vida tenho dele…
O ontem é vivido em memória,
o presente para mim como futuro,
sei que para outros,
o futuro pensado no presente é aguardado no futuro…
Por vezes é frio injusto e inquieto até com ele próprio,
por outras justo,
fiel e verdadeiro comigo…
Sei que questioná-lo é uma simples perca de tempo mas,
por vezes obrigo-me a fazê-lo…
Sei que amá-lo é valorizar a vida e saborear cada segundo como se do ultimo se tratasse…
Tempo palavra injusta para uns que o odeiam,
eu venero-o!!!
É tempo de eu viver sem questionar mas,
viver!!
É tempo de eu sorrir sem que me obriguem a fazê-lo…
Para quê fazer sofrer quem nos ama?
Para quê amar quem nos faz sofrer??

Ao tempo, que tudo leva...

Queria que o tempo parasse agora…imortaliza-se este momento, para sempre…deixa-se assim esta imagem…tu, aqui comigo, deitado ao meu lado, a afagares-me ao de leve o cabelo, sem pressa, a luz a entrar pela janela devagar, eu a olhar-te e a imaginar o que pensas….esta fotografia que tiro agora, vai ser diferente daqui a 1 segundo, daqui a 2 minutos, ou daqui a anos…por isso, conta o agora, o já, o vivido neste momento…precisamente este toque, este olhar, esta luz, esta janela… porque a seguir, o tempo vai levar tudo isto, vai vir outras luzes, outros toques outras janelas…eu vou ser diferente, tu vais ser diferente…eu vou estar noutro sitio, tu vais estar longe, e depois? Nunca mais vamos ser os mesmos, nunca mais vamos dividir o mesmo olhar….por isso, agarra isto tudo agora, sente muito, leva-me na mente, no corpo, na cabeça, no coração…fotografa esta imagem, e coloca no filme da tua vida, para sempre…

Enganos do Tempo

Finalmente beijei-te, ao fim de tanto tempo…Enquanto nos beijávamos, nada mais parecia acontecer, as pessoas deixaram de morrer, as guerras tinham acabado, todos os maus sentimentos tinham simplesmente desaparecido...tudo isto porque estávamos juntos, porque te tinha ali comigo..nada mais sentia, só os teus lábios, a tua energia, o teu toque, éramos dois sendo apenas um... Enquanto nos beijávamos o tempo não passou, fingiu parar e tentou fazer-nos acreditar nisso. Nós, como duas crianças que nada sabem, deixámo-nos ir....tu estavas ali, e ali estava tudo, tudo em ti...tu eras tudo...
O tempo queria enganar-nos, pois fazia-nos acreditar que naquele momento ele nao iria passar, não iria fugir de nós...A sensação era demasiado boa, e quando parei de te beijar olhei-te nos olhos e vi vida, vi a minha vida em algo muito mais que material...estávamos no centro do Universo, e éramos nós quem o comandava, através de algo invisivel mas bastante perceptivel...
O tempo enganou-nos, não parou e nem sequer abrandou...simetria igual ocorreu no meu coração...não aguentava mais o esforço de um objecto estranho dentro de mim. Entre o momento do tiro e o último beijo pareceu que o tempo tinha parado, apenas para nós....parou agora, apenas para mim...
Sê feliz.

O Tempo Que Nos Torna Fracos


O tempo tem destas coisas... deita-nos abaixo, leva-nos aos pícaros da felicidade, deixa-nos mais fortes, mas são tantas as vezes que nos torna mais fracos. Pela sua complacência, pelo "deixar andar", pelo medo de ir ao encontro da felicidade.

O tempo varia de pessoa para pessoa, geralmente dão-se cabeçadas na parede até já não sentirmos a dor, mas depois faz-se por encontrar a Felicidade, algo que nos complete. Mas há pessoas que levam o tempo de forma menos séria... "Agora está-se bem, não vou arriscar o que tenho", pensamos muitos de nós. Valerá assim tanto a pena negar a procura por algo melhor, quando não nos sentimos completos? Eu pensava que o ser humano buscava incessantemente a sua felicidade, o seu bem estar, mas afinal o tempo não permite isso a certas pessoas e torna-os fracos, demasiado complacentes e nada lutadores... porque o que têm não os deixa felizes, mas também não os deixa tristes e por isso, PARAM no tempo. Quem sabe à espera de quem tome uma decisão por eles, porque eles não têm coragem para a tomar. Quem sabe à espera da Felicidade... que não bate à porta, porque gosta de ser perseguida. Tal como o tempo, que nunca pára.

A menina do tempo


Numa bela manhã acorda a pequena menina, que após realizar os seus haveres segue, num acto de procurar entretêm, para a rua, vislumbrando pássaros e flores, cheirando os odores que exalam das rosas, das orquídeas, dos gelados que na rua são vendidos, dos perfumes das senhoras de classe.
Atenta a tudo o que a rodeia, a pequena menina chega a um parque. E algo chama-lhe a atenção. Algo pequeno, luzidio, salta-lhe à vista.
A pequena menina pega no objecto e examina-o cuidadosamente com toda aquela avidez de criança, tentando decifrar todos os significados ocultos que aquele pequeno objecto estranho encerra.
A pequena menina lembra-se de ver muitos objectos daqueles nos pulsos dos "Grandes". Mas os "Grandes" nunca lhe explicaram para que ele servia.
E assim perde a pequena menina tempo a olhar para o pequeno objecto desconhecido, olhando para os seus números, para os seus ponteiros, que tão vagarosamente se movem.
Passam-se minutos, horas, e a pequena menina não larga os olhos dos ponteiros e dos números. Não iria sair dali sem saber o significado de tal objecto. Reparou que o ponteiro menor, o que andava menos que todos os outros, havia já percorrido dois dos números existentes na parte achatada do relógio. Que quereria isso indicar?
Ela reconhecia os números 1, 2 e 3 que se encontravam cravados no relógio, embora mais que isso não fosse reconhecível. Que números seriam os outros que ali se encontravam? Que significariam? Porque precisariam os "Grandes" de tais objectos?
Tantas e tantas questões percorriam a mente da pequena menina, ávida de conhecimento, no entanto sem qualquer resposta.
Novamente horas se passam, horas que poderiam ser aproveitadas para brincar, correr, pular, e que são assim gastas a olhar para um objecto que nada lhe diz.
Ao entardecer, a mãe da menina vai buscá-la ao parque, onde ela passou toda a tarde a olhar para o relógio e a tentar compreende-lo. Dando-se por vencida diz: "Que coisa mais estranha esta, que todos os "Grandes" usam e que eu não consigo entender. Perdi a minha tarde aqui a olhar para isto. Foi uma perda de tempo. Sim, é para isso que este pequeno objecto serve. Para perder tempo."

A ideia que a menina obteve da sua tarde com um relógio é mais acertada que a de qualquer pessoa. Ora pois, pensando bem, quanto tempo perdemos nós a olhar para um relógio, a ver as horas, quer nas aulas, quer no trabalho, quer simplesmente na rua ou em casa?
O tempo passa, como tudo passa, e não importa olhar para o relógio, porque não é ao olhar para ele que as respostas vêm, mas sim pelas acções e pela vivência.
A menina perdeu uma tarde, mas e quem perde uma vida à espera que o tempo dê sinal de ter acabado?

Ao Tempo



Enquanto olho as folhas sublinhadas do meu caderno de notas, penso no teu verdadeiro significado. E do tempo que tive para mudar a minha vida, o tempo que tive para dizer áqueles que mais amo, palavras de apresso. Penso no tempo que se evapora e que não se esgota. Penso no tempo que passa e que nos envelhece, todos os dias. Se não existisses, não teria aprendido tanto, não teria amado tanto e não teria errado tanto. Mas da mesma maneira que me tiras vida, dás-me ensinamentos. Tanta coisa que me ensinaste, em diferentes formas e em diferentes cores. Ensinaste-me a sorrir todos os dias para quem me merece, ensinaste-me a dar as mãos aos que mais de mim precisam, ensinaste-me a crescer, ensinaste-me a gostar de mim e a dar de mim aos outros, ensinaste-me o significado de uma carta de amor, ensinaste-me o prazer de ler um livro e de sentir uma lágrima escorrer-me pela cara, ensinaste-me a amar e a viver. E todos os dias sonho contigo, sonho com o Tempo, sonho que me podes dar sempre aquilo que mais anseio mas que me podes tirar aquilo que mais amo. Sonho com os teus poderes mágicos e ás vezes tenho medo de ti… E pertences-me, fazes parte de mim e daquilo que sou, aqui e agora.

Sem terra nem Tempo...





Sopra um vento antigo!
Formam-se garras negras,
que lentamente deitam lágrimas…
Um lento crescente até a agonia!
Extremoso e cruel ruído,
acompanhado por um espectáculo Dantesco,
onde forças Infinitas descargam…

Objectos usados por sentidos…
Vagueamos saborosamente!
Não existe nada…
Nós apenas…
Um único ser Narcisista!!!
Exploramos o empredado cheio de historia,
onde encantamentos falam…
Roupas absorvem choros,
que escorrem violentamente…
Estamos abstraídos…
Somos intocáveis…
É este o nosso escudo…

Paralisamos o tempo…
Condensamos memorias,
apagamos amarguras,
pintamos relógios de pó…
Somos ventríloquos com alma!!!
Não temos certezas…nem duvidas…
Somos nós…
Que misto de alegria e tristeza…
Somos nós…!!!